sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sexualidade na Pessoa Ostomizada

O ser humano é sexual desde o nascimento até à morte. Sendo esta componente importante para o indivíduo, não pode ser descurada aquando a elaboração do plano de cuidados seja ele, escrito ou mental, para um doente ostomizado.

Sexualidade não é sinónimo de sexo, é um termo que pode significar várias coisas em pessoas diferentes; poderá ser muito mais do que a relação sexual em si, o orgasmo ou outras situações físicas agradáveis e tem por base as crenças, valores e regras vigentes na sociedade, na qual o indivíduo se insere.

O aparecimento da doença a qualquer indivíduo é, quase sempre, um obstáculo ou limitação aos seus interesses e necessidades; constitui uma fonte de insatisfações, sofrimentos e problemas de adaptação a uma nova situação.

Um diagnóstico de cancro surge como um acontecimento de vida que implica a gestão de um turbilhão de emoções e a mobilização de todos os recursos e capacidades do indivíduo para o enfrentar. Na tentativa de ultrapassar a doença oncológica, os indivíduos são sujeitos a intervenções que podem alterar profundamente a sua imagem corporal, confrontando-se assim, com uma problemática multidimensional, que envolve fundamentalmente problemas psicológicos, sociais, de reintegração profissional e sexuais.

A auto-imagem, ou seja, a ideia mental que uma pessoa tem do seu corpo num determinado momento, baseia-se nas percepções passadas assim como nas actuais, desenvolve-se com o tempo e deriva de sensações interiores, alterações de postura, contacto com objectos e pessoas exteriores, experiências emocionais e fantasias, e é influenciada por diversos factores dentro dos quais, salienta-se a alteração da imagem corporal.

Um indivíduo ostomizado poderá confrontar-se com uma auto-imagem negativa devido à alteração da sua imagem corporal, que lhe é imposta pela presença do estoma, o que pode influenciar negativamente a sua postura face ao relacionamento sexual. Assim, a interferência da alteração da imagem corporal na sexualidade é algo que depende das percepções de pelo menos duas pessoas (o próprio e o seu parceiro).

Para algumas pessoas, o simples facto de estarem doentes pode provocar dúvidas acerca da sua identidade sexual e, talvez por este motivo, o doente possa sentir-se envergonhado para questionar os profissionais de saúde, acerca das suas preocupações sexuais. A um doente ostomizado podem surgir várias questões como por exemplo:


– Será que posso ter novamente relações sexuais?

– Será que a ostomia vai funcionar durante o acto sexual?

– E se o saco se desadapta?– Será que o cheiro afecta o meu/minha parceiro/a?

– O que pensa o meu/minha parceiro/a?

A abertura de um canal de comunicação entre o doente/profissional de saúde e/ou doente/parceiro(a) permitirá uma reestruturação da vida do doente visando devolver-lhe a auto-estima, a confiança e a possibilidade de desfrutar a sua vida de forma mais aprazível.


Para evitar situações difíceis de ultrapassar e de certa forma viver a sexualidade de uma forma saudável é importante:

– Esvaziar o saco antes da actividade sexual;
- Falar com o (a) parceiro (a) sobre o que se está a sentir;

- Evitar os alimentos que provoquem flatulência;

– Ingerir iogurtes naturais de forma a evitar o odor;

– Usar uma t-shirt, lingerie ou um lenço que cubra a ostomia;

– Adoptar posições confortáveis durante o acto sexual;

– Consultar um andrologista e/ou ginecologista;

– Procurar grupos de apoio a ostomizados.

A sexualidade de cada um é única. A adaptação emocional à ostomia é variável de doente para doente, mas este leva muito mais tempo a adaptar-se emocionalmente do que a aprender a tratar dela. Poderá ser necessário um ano inteiro para o indivíduo atingir um nível perfeito de funcionamento. Não hesite em procurar ajuda.



Consulta de Enfermagem ao Utente Ostomizado
Enfermeira Paula Leite Centro de Saúde de Santa Maria da Feira


Bibliografia:
Cascais, A. F. M. V; Martini, J.G.; Almeida, P.J.S ( 2007). O impacto da ostomia no processo de viver humano. Acesso em 30 de junho de 2007.
FREITAS, M.R.I. de. Subsídios para a compreensão da sexualidade do parceiro do sujeito portador de colostomia definitiva. Ribeirão Preto, 1994. 211p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.www.lop.pt

Um comentário:

viagra disse...

Sem duvida concordo plenamente com o texto

cialis